O Discurso das Drogas Construído pelo Direito Internacional

Camila Soares Lippi

Resumo


O objetivo deste artigo é sistematizar e problematizar os tratados internacionais de controle penal das drogas, situando-os historicamente. Os marcos teóricos foram a criminologia crítica de Alessandro Baratta, Nilo Batista e Eugenio Raul Zaffaroni, e, na área de Relações Internacionais, utiliza-se a teoria crítica das Relações Internacionais, principalmente as obras de Robert Cox. A hipótese central deste trabalho é a de que a construção do discurso de criminalização das drogas se desenvolveu no Direito Internacional enquanto consequência da hegemonia norte-americana. Para isso, em termos metodológicos, empreendeu-se essa pesquisa, de caráter interdisciplinar, nas áreas de Direito Penal Internacional, Criminologia e Relações Internacionais. Ainda em relação à metodologia, optou-se por realizar pesquisa documental, assim como realizar revisão bibliográfica sobre a temática. Ao final da pesquisa, confirmou-se a hipótese de que a hegemonia norte-americana foi decisiva para moldar o discurso das drogas no Direito Internacional, com o regime internacional de controle penal das drogas se tornando mais rígido conforme a hegemonia norte-americana se tornava mais forte. Trata-se de pesquisa relevante por haver uma carência de estudos sobre drogas do ponto de vista do Direito Internacional, e também por promover o diálogo entre essa área e as Relações Internacionais.

Palavras-chave


Regime internacional de controle das drogas, proibicionismo, hegemonia norte-americana.

Texto completo:

PDF

Referências


BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito

penal: introdução à sociologia criminal. 3. ed. Rio de

Janeiro: Revan, 2002.

BASSIOUNI, M. Cherif ; THONY, Jean François. The

international drug control system. International criminal law: crimes.

New York: Transnational Publishers, 1999.

BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro.

ed. Rio de Janeiro: Revan, 2007.

BATISTA, Nilo. Política criminal com derramamento de sangue:

discursos sediciosos: crime, direito e sociedade, n.

/6. Rio de Janeiro: F. Bastos, 1998.

BEWLEY-TAYLOR, David; JELSMA, Martin. Fifty

years of the 1961 Single Convention on Narcotic Drugs: A

reinterpretation. Series on Legislative Reform of Drug

Policies n. 12, Mar. 2011. Disponível em:

tni.org/sites/www.tni.org/files/download/dlr12.pdf>.

Acesso em: 20 maio 2011.

BOITEUX, Luciana. Política internacional e redução de

danos: o fim do “Consenso de Viena”? Versus: Revista

de Ciências Sociais Aplicadas do CCJE/UFRJ, Rio de

Janeiro, Ano 2, n. 6, p. 104-108, jun. 2011.

BRASIL. Decreto n. 113 – de 13 de outubro de 1934. Promulga

a Convenção para limitar a fabricação e regulamentar

a distribuição dos estupefacientes e o respectivo Protocolo

de assinatura, firmados em Genebra, a 13 de julho

de 1931. Disponível em:

br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=14285>>.

Acesso em: 11 jun. 2011.

BRASIL. Decreto N. 2.994 – de 17 de agosto de 1938. Promulga

a Convenção para a repressão do tráfico ilícito das drogas nocivas, Protocolo de Assinatura e Ato final, firmado entre o Brasil e diversos países, em Genebra, a 26 de junho de 1936, por ocasião da Conferência

para a repressão do tráfico ilícito das drogas nocivas. Disponível em: >. Acesso em: 20 set. 2009.

BRASIL. Decreto N. 54.216, de 27 de agosto de 1964. Promulga

a Convenção Única sobre Entorpecentes. Disponível

em:

htm>. Acesso em: 20 set. 2009.

BRASIL. Decreto N. 79.388, de 14 de março de 1977.

Promulga a Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas.

Disponível em:

psicotr%C3%B3picas.htm>. Acesso em: 20 set. 2009.

BRASIL. Decreto N. 154, de 26 de junho de 1991. Promulga

a convenção contra o tráfico Disponível em:

www2.mre.gov.br/dai/entorpecentes.htm>. Acesso

em: 20 set. 2009.

CARVALHO, Salo de. A política criminal de drogas no Brasil:

estudo criminológico e dogmático. Rio de Janeiro:

Lúmen Juris, 2006.

COX, Robert W. Gramsci. Hegemonia e relações internacionais:

um ensaio sobre o método. GILL, Stephen

(Org.). Gramsci, materialismo histórico e relações internacionais.

Rio de Janeiro: UFRJ, 2007. p. 101-123.

DEL OLMO, Rosa. Las drogas y sus discursos. In: PIERANGELI,

José Enrique (Coord.). Direito criminal. Belo

Horizonte: Del Rey, 2004. v. 5. p. 115-146.

DEL OLMO, Rosa. A legislação no contexto das intervenções

globais sobre drogas. Discursos sediciosos: crime,

direito e sociedade, Rio de Janeiro, v. 7, n. 12, p. 65-80,

jul./dez. 2002.

DUDOUET, Fraçois-Xavier. La formation du contrôle

international des drogues. Déviance et Société, Liège, v. 23,

n. 4, p. 395-419, déc. 1999.

JELSMA, Martin. Bolivia’s denunciation of the 1961 Convention

on Narcotic Drugs. Transnational Institute, 30

de junho de 2011. Disponível em:.Acesso em: 2 jul. 2011.

JELSMA, Martin. Lifting the ban on coca chewing.

Bolivia’s proposal to amend the 1961 Single Convention.

Series on legislative reform of drug policies n. 11, Mar.

Disponível em:

tni.org/files/download/dlr11.pdf>.Acesso em: 10 jun.

JELSMA, Martin. The development of international

drug control. Lessons learned and strategic challenges

for the future. Series on legislative reform of drug policies, n.

, Feb. 2010. Disponível em: < http://www.tni.org/

sites/www.tni.org/files/download/dlr10.pdf>. Acesso

em: 20 maio 2011.

LEVINE, Harry G. Global drug prohibition: its uses

and crisis. International Journal of Drug Policy, v. 14, p.

-153, 2003.

LEVINE, Harry G. Worldwide drug prohibition: the

varieties and uses of drug prohibition. The Independent

Review, v. 7, n. 2, p. 165-180, Fall, 2002.

McALLISTER. William. Drug diplomacy in the XXth century.

Nova Iorque: Routledge, 2000.

RODRIGUES, Luciana Boiteux de Figueiredo. O controle

penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo

sobre o sistema penal e a sociedade. 2006. f.?. Tese

(Doutorado em Direito)-Faculdade de Direito da USP,

São Paulo, 2006.

RODRIGUES, Thiago. A infindável guerra americana:

Brasil, o narcotráfico e o continente. São Paulo

em perspectiva, v. 12 n. 6, p. 102-111, 2002,. Disponível

em:

pdf.>>. Acesso em: 15 maio 2011.

RODRIGUES, Thiago. Narcotráfico: uma guerra na

guerra. São Paulo: Desatino, 2003.

RODRIGUES, Thiago. Política e drogas nas Américas. São

Paulo: Educ, 2004.

RODRIGUES, Thiago. Tráfico, guerra proibição. In:

LABATE, Beatriz Cauby, et al. Drogas e cultura: novas

perspectivas. Salvador: EDUFBA, 2008. p. 91-104.

UNITED NATIONS. Commentary on the Single Convention

on Narcotic Drugs, 1961. New York: United Nations,

UNITED NATIONS. Commentary on the United Nations

Convention Against Illicit Traffic in Narcotic Drugs and

Psychotropic Substances. New York: United Nations, 1998.

UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME. Drug control, crime prevention and criminal justice: an human rights perspective. Note by the Executive Director. 2010. Disponível em: .

Acessoem: 15 ago. 2011.

ZACCONE, Orlando. Acionistas do nada: quem são os

traficantes de drogas? Rio de Janeiro: Revan, 2007.




DOI: https://doi.org/10.5102/rdi.v10i2.1993

ISSN 2236-997X (impresso) - ISSN 2237-1036 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia