Criopreservação eletiva de oócitos (social): revisão sistemática da literatura

Marcela de Andrade Silva Miranda, Anna Carolina Pereira Gomes, Bruno Ramalho de Carvalho

Resumo


A criopreservação eletiva de oócitos (CEO), também conhecida como congelamento social de óvulos, tem se tornado uma opção cada vez mais procurada pela mulher que deseja adiar a gravidez, preservando o potencial reprodutivo de então e a chance de constituir prole que herde o seu material genético. Com a iniciativa, ela obtém mais segurança para focar em sua carreira ou até mesmo buscar por um parceiro ideal sem a pressão da ação negativa do tempo. O principal objetivo deste trabalho foi reunir evidências existentes sobre a CEO, seus desfechos reprodutivos, a custo-efetividade e as motivações de médicos e pacientes para a sua realização. Para isso, foi realizada a busca de ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais e metanálises na base de dados PubMed, sistematizada de acordo com o Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses (PRISMA) Statement, seguida de extração e síntese dos dados a partir das diretrizes Synthesis Without Metaanalysis (SWiM). A qualidade dos artigos selecionados foi avaliada a partir dos critérios do Oxford Centre for Evidence-Based Medicine. Entre as motivações para a preservação da fertilidade, a mais frequentemente observada foi a falta de um parceiro. Entretanto, destacase a motivação pela possibilidade de cobertura do procedimento pelo empregador, diante do custo elevado. A ajuda decisional, no contexto, aparece como intervenção de interesse, ao oferecer à mulher informações sobre as suas opções e quais os possíveis desfechos ao escolher a CEO, reduzindo a indecisão. Um outro ponto de destaque está no fato de que menos de 20% das mulheres retornam para uso dos óvulos criopreservados. Com relação ao número de oócitos recuperados, a idade, o hormônio antimülleriano (AMH), o nível de estradiol, o índice de massa corporal e a contagem de folículos com diâmetro igual ou maior que 12 mm no dia do gatilho foram as variáveis determinantes. As taxas de nascidos vivos (TNV) foram maiores em mulheres mais jovens e menores quando comparadas às observadas para oócitos frescos. O uso de oócitos frescos também foi associado a menores taxas de abortamento quando comparado aos oócitos aquecidos. Por fim, as taxas de arrependimento foram maiores entre as mulheres que não realizaram o procedimento quando comparadas às que o realizaram. Conclui-se que a CEO pode ser promissora para mulheres que desejam adiar a maternidade, principalmente as mais jovens. Para tanto, a ajuda decisional e a cobertura do procedimento pelo empregador podem influenciar a escolha. Apesar de as taxas de sucesso serem animadoras, o retorno para a utilização dos oócitos criopreservados ainda é baixo.


Palavras-chave


criopreservação eletiva de oócitos; congelamento social de oócitos; preservação da fertilidade

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.10229

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