Negacionismo científico, fundamentalismo religioso e pós-verdade: uma análise acerca dos processos de subjetivação e de sofrimento psíquico no contexto da necropolítica brasileira

Bruna Kreutz Ames, Daniella Soares Marreiros Martins, Juliano Moreira Lagoas

Resumo


Esta pesquisa, de metodologia qualitativa, teve como objetivo investigar as relações entre o negacionismo científico e fundamentalismo religioso na gestão da pandemia no Brasil, buscando compreender o papel das massas digitais nos processos de subjetivação e de sofrimento psíquico vivenciados pela população. Além disso, tratou-se de verificar os impactos do fenômeno da "pós-verdade" nas subjetividades contemporâneas e identificar algumas das consequências psicossociais da necropolítica brasileira. Para isso, foi elaborado um formulário digital, amplamente divulgado em meios digitais, para a obtenção de relatos e opiniões sobre materiais de cunho negacionista e/ou fundamentalista. Posteriormente, foram selecionados quatro respondentes para participação em entrevistas individuais semiestruturadas, conduzidas pelas pesquisadoras por meio da ferramenta digital Google Meet, em torno das temáticas abordadas pela pesquisa. Para analisar os discursos obtidos, foi utilizada a metodologia da análise de discurso, em conjunto com os preceitos da pesquisa psicanalítica, permitindo assim uma compreensão das produções discursivas dos participantes acerca dos temas investigados. A partir das análises realizadas, considerou-se que, em razão de uma recusa da dimensão do desamparo na pandemia, foram criadas estratégias psíquicas compartilhadas em uma tentativa de desvinculação da experiência do terror pandêmico. Dessa forma, a partir de variados mecanismos, indissociáveis da realidade política, social e econômica do Brasil, vimos que a manifestação do negacionismo científico, em suas variadas formas, implica uma dimensão de defesa psíquica contra o insuportável. Dentre as principais estratégias psíquicas de defesa identificadas e analisadas no âmbito desta pesquisa, destacamos os mecanismos paranoicos de projeção e negação do desamparo, a busca por uma verdade-toda e a banalização do terror pandêmico

Palavras-chave


negacionismo científico; fundamentalismo religioso; necropolítica; pós-verdade; psicanálise

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8887

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